Quando estávamos andando pelo Hospital Sarah Kubitschek, Lelé comentou a tristeza que era seu grande amigo, Athos Bulcão, não estar muito bem de saúde. Vimos os trabalhos que Athos fez no Sarah e, em Brasília, eu já tinha tido a oportunidade de veslumbrar suas obras como a fachada do Teatro Nacional de Brasília.
Abaixo o texto que saiu no portal do "Estadão".
Morre o artista Athos Bulcão, aos 90 anos
Autor dos famosos azulejos e outras obras que marcam a cidade de Brasília desde sua construção
Da Redação
SÃO PAULO - O artista plástico Athos Bulcão, que completou 90 anos no último dia 2 de julho morreu nesta quinta, 31, de parada cardíaca decorrente de complicações do mal de Parkinson, segundo confirmou o Hospital Sarah Kubitschek de Brasília. O pintor, escultor e ceramista, que se tratava há anos do mal de Parkinson, estava internado há quatro meses e morreu lúcido. O corpo será velado a partir das 17 horas no Palácio do Buriti, antiga sede do Governo do Distrito Federal, e será sepultado nesta sexta, no Cemitério do Campo da Boa Esperança, em Brasília.
O artista fez parte da história da construção de Brasília, por ter criado inúmeras obras de arte ligadas à arquitetura da cidade, compondo o projeto visual do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao seu lado, Athos Bulcão desembarcou em Brasília, em 1958, quando a cidade ainda era um canteiro de obras. Nas artes, o trabalho que mais o fascinava era o das artes plásticas ligadas à arquitetura.
Niemeyer, aos 100 anos de idade, lamenta a perda do amigo: "Ele era um velho amigo meu. Trabalhou comigo desde os tempos da Pampulha. Foi muito útil na integração da arquitetura com as artes plásticas. Era um artista muito sensível, um sujeito decente, correto, íntegro, um grande amigo. De modo que o desaparecimento dele causa certa mágoa".
Bulcão é autor dos famosos azulejos ícones da cidade, entre várias de suas obras urbanas. Uma das mais impactantes na capital federal é a fachada do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em que trabalha com o jogo de luz e sombra comandado pelo sol sobre blocos de concreto pré-moldado. Ou, as paredes de azulejo do Palácio do Itamarati, a parede da igrejinha Nossa Senhora de Fátima, os corredores do centro de recuperação do Hospital Sarah Kubitschek, o painel de mármore e granito que envolve o Memorial Juscelino Kubitschek, entre muitas outras. Sua parceria com Niemeyer fez seus painéis chegarem à França, Itália e Argélia.
Ainda jovem, Bulcão foi assistente de Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha, em 1945, aprendendo com o mestre lições que aplicaria mais tarde. Era amigo de grandes nomes das artes e das letras nacionais, como Carlos Scliar, Pancetti, Milton Dacosta, Burle Marx, Jorge Amado, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, entre outros.
Os amigos passaram a fazer parte de sua vida após deixar o curso de Medicina, no terceiro ano, em 1939. Ele nasceu no bairro do Catete, no Rio Janeiro, em 1918. Expôs pela primeira vez em 1940, no Salão Nacional de Belas Artes e ganhou seu primeiro prêmio no mesmo evento do ano seguinte. Estudou na França de 1948 a 1950, quando voltou ao Brasil. A partir de 1955 começou a trabalhar com Niemeyer e em 1958 decidiu viver em Brasília, apaixonado pela claridade da cidade: "o Rio de Janeiro tem muita claridade, mas nenhuma luz", dizia ele.
A Fundação Athos Bulcão foi criada em 18 de dezembro de 1992, para promover e divulgar sua obra, entre outras atividades artísticas.
Não sabia que o painel da capelinha era dele...é realmente lindo!
ResponderExcluirEssa foi uma época muito foda né... a arquitetura e as artes plasticas... a música..tudo andava meio junto sabe.
E essa união sempre davam ótimos frutos.
bjkas