sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Adeus a Athos Bulcão

Quando estive em Salvador, em 2004 se não me engano, tive a maravilhosa oportunidade de conhecer mais de perto o trabalho do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Aliás, fico realmente envergonha de ainda não ter escrito nada no meu blog a respeito deste grande arquiteto e mestre.
Quando estávamos andando pelo Hospital Sarah Kubitschek, Lelé comentou a tristeza que era seu grande amigo, Athos Bulcão, não estar muito bem de saúde. Vimos os trabalhos que Athos fez no Sarah e, em Brasília, eu já tinha tido a oportunidade de veslumbrar suas obras como a fachada do Teatro Nacional de Brasília.
Abaixo o texto que saiu no portal do "Estadão".

Morre o artista Athos Bulcão, aos 90 anos

Autor dos famosos azulejos e outras obras que marcam a cidade de Brasília desde sua construção

Da Redação


Athos Bulcão, em sua residência em Brasília, em 2005

Celso Junior/AE

Athos Bulcão, em sua residência em Brasília, em 2005

SÃO PAULO - O artista plástico Athos Bulcão, que completou 90 anos no último dia 2 de julho morreu nesta quinta, 31, de parada cardíaca decorrente de complicações do mal de Parkinson, segundo confirmou o Hospital Sarah Kubitschek de Brasília. O pintor, escultor e ceramista, que se tratava há anos do mal de Parkinson, estava internado há quatro meses e morreu lúcido. O corpo será velado a partir das 17 horas no Palácio do Buriti, antiga sede do Governo do Distrito Federal, e será sepultado nesta sexta, no Cemitério do Campo da Boa Esperança, em Brasília.

O artista fez parte da história da construção de Brasília, por ter criado inúmeras obras de arte ligadas à arquitetura da cidade, compondo o projeto visual do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao seu lado, Athos Bulcão desembarcou em Brasília, em 1958, quando a cidade ainda era um canteiro de obras. Nas artes, o trabalho que mais o fascinava era o das artes plásticas ligadas à arquitetura.

Niemeyer, aos 100 anos de idade, lamenta a perda do amigo: "Ele era um velho amigo meu. Trabalhou comigo desde os tempos da Pampulha. Foi muito útil na integração da arquitetura com as artes plásticas. Era um artista muito sensível, um sujeito decente, correto, íntegro, um grande amigo. De modo que o desaparecimento dele causa certa mágoa".

Bulcão é autor dos famosos azulejos ícones da cidade, entre várias de suas obras urbanas. Uma das mais impactantes na capital federal é a fachada do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em que trabalha com o jogo de luz e sombra comandado pelo sol sobre blocos de concreto pré-moldado. Ou, as paredes de azulejo do Palácio do Itamarati, a parede da igrejinha Nossa Senhora de Fátima, os corredores do centro de recuperação do Hospital Sarah Kubitschek, o painel de mármore e granito que envolve o Memorial Juscelino Kubitschek, entre muitas outras. Sua parceria com Niemeyer fez seus painéis chegarem à França, Itália e Argélia.

Ainda jovem, Bulcão foi assistente de Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha, em 1945, aprendendo com o mestre lições que aplicaria mais tarde. Era amigo de grandes nomes das artes e das letras nacionais, como Carlos Scliar, Pancetti, Milton Dacosta, Burle Marx, Jorge Amado, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, entre outros.

Os amigos passaram a fazer parte de sua vida após deixar o curso de Medicina, no terceiro ano, em 1939. Ele nasceu no bairro do Catete, no Rio Janeiro, em 1918. Expôs pela primeira vez em 1940, no Salão Nacional de Belas Artes e ganhou seu primeiro prêmio no mesmo evento do ano seguinte. Estudou na França de 1948 a 1950, quando voltou ao Brasil. A partir de 1955 começou a trabalhar com Niemeyer e em 1958 decidiu viver em Brasília, apaixonado pela claridade da cidade: "o Rio de Janeiro tem muita claridade, mas nenhuma luz", dizia ele.

A Fundação Athos Bulcão foi criada em 18 de dezembro de 1992, para promover e divulgar sua obra, entre outras atividades artísticas.

Obra de Bulcão: Painel de Mármore e Granito (1975) que envolve o Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília. Foto: Divulgação
A obra de Bulcão integrou o projeto visual do arquiteto Oscar Niemeyer. Na foto, Painel de azulejos (1983) do Palácio do Itamarati, em Brasília. Foto: Divulgação

Uma das obras de Bulcão mais impactantes em Brasília é a fachada de mármore em relevo do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foto: Divulgação

Painel de azulejos da igrejinha Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. Foto: Divulgação


Na foto, Marianne Peretti, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Oscar Niemeyer, José Sarney e Burle Max. Foto: Jason Magno/AE

Bulcão fez parte da história da construção de Brasília, por ter criado cerca de 180 obras de arte ligadas à arquitetura da cidade. Na foto, Painel Pintado no Teto (1959), na Capela da Alvorada. Foto: Divulgação

Um comentário:

  1. Não sabia que o painel da capelinha era dele...é realmente lindo!
    Essa foi uma época muito foda né... a arquitetura e as artes plasticas... a música..tudo andava meio junto sabe.

    E essa união sempre davam ótimos frutos.

    bjkas

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